2 de nov. de 2009

Zona de guerra


- Vamos tentar manter em mente que eu já havia avisado que não sabia por quanto tempo poderia manter meu santuário em perfeita harmonia, ok?
Não há harmonia que resista a um fim de ano!
Tudo bem, então. Eu não consigo manter promessas.

Meu antigo paraíso, onde eu ficava horas como uma idiota admirando, converteu-se em uma completa e desgraçada zona de guerra.
E por enquanto esqueçam os armistícios... não haverá paz no front.
Pelo menos não enquanto não superarmos nossas desavenças.
Pelo menos não enquanto eu não recuperar o fôlego e a paz de espírito.
Não, até o novo ano chegar.

Eu vivo em uma zona de guerra.

Não do tipo que se espera encontrar usualmente, mas ainda assim, angustiante.
Corpos destroçados se converteram em sapatos e objetos espalhados pelos cantos mais remotos do quarto. O sangue fluindo pode ser facilmente comparado com a crescente camada de poeira nos locais onde não consigo [e nem tenho coragem ou paciência de limpar].
Destroços, vocês podem com toda certeza pensar... em toda cidade onde a guerra assola, há destroços. Nada se compara a total e generalizada desorganização em escala ascendente deste lugarejo chamado
quarto.
Meu guarda-roupas, antes tão bem organizado [lembram de tudo no lugar, cabides alinhados e roupas separadas por cores?] hoje parece ter sido bombardeado com ogivas nucleares.
Nada sobrou em seu devido lugar. Apenas uma coisa permaneceu inalterada: a primeira gaveta. Ela ainda conserva meu hábito obsessivo-compulsivo de roupas dobradas e separadas de acordo com sua coloração.
E apenas isso. Uma zona neutra em meio à desolação...
Não me perguntem como esse milagre ocorreu; só o que sei é que pode haver esperanças, afinal.
Os relatos aqui não são resultado dos últimos acontecimentos [muito pelo contrário...].
As hostilidades vem ocorrendo há algum tempo sem que os moradores locais [pobres cabides e roupas!] esboçassem alguma reação. Então, sem que tivessem percebido, o caos estava instalado e o conflito intensificado, sem nenhuma possibilidade de cessar as hostilidades entre as partes - pelo menos por enquanto.
Nada se encontra no lugar. Tudo está de cabeça para baixo, revirado [qualquer analogia com meu estado de espírito não é mera coincidência].
Podem imaginar o que essa zona de caos está fazendo com os nervos TOCnianos desta que vos fala? [Oohhh céus!].
Neste território ocupado, onde são travadas inúmeras batalhas diárias para encontrar um par de sapatos, a blusa perfeita, ou mesmo meu controle remoto, é onde tenho vivido. O guarda-roupa [com artigo mesmo] já nem considero meu. É a parte mais devastada e deplorável, a região mais atingida desde o início das ofensivas. Seu estado é tal que tenho medo até de abrir uma das portas e ser soterrada por uma avalanche de destroços do que antes era o meu orgulho em organização. O ataque nuclear teve seu epicentro a partir dele.
Encontrar sobreviventes é uma tarefa árdua, que pretendo dar início em breve.
O resgate das vítimas, a remoção dos entulhos e a recontrução do meu antigo santuário deve me dar algo em que trabalhar... só posso me perguntar quando isso vai ocorrer...
Até lá espero sobreviver sem mais danos, espero que as coisas entrem nos eixos e a paz possa reinar novamente dentro deste quarto e que ele se converta de novo em meu antigo, amado e sagrado lugar de paz; o reino das cores em escala degradê (do mais claro ao mais escuro), cabides harmoniosamente alinhados (dois dedos entre cada um), objetos alinhados e em simetria...
Ahh, a ordem no paraíso!

Que esses dias de paz surjam em breve no horizonte!

E que seja logo..

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