24 de nov. de 2010

A queda


Quando se ama alguém ele vira todo o centro de seu mundo, de todo o universo para você.
Quando se ama alguém, coisas pequenas, pequenos detalhes como defeitos, não importam nada, porque você o ama.

E quando o objeto do seu amor é alguém praticamente inatingível, quando você ama em segredo, a palavra altar é muito pouco para descrever o lugar em que ele reside no seu coração.

Ele se torna um ídolo, um ícone, um herói...
E não há evidências boas o bastante para te provar que aquela pessoa tem defeitos, que ela não passa de alguém comum. Você a coloca num altar e lá a mantém; até quando ninguém sabe...
Você vive em função de um amor que não é correspondido porque o objeto de sua adoração não faz a mínima ideia de quem você é, ou mesmo que você existe... e o adora em segredo.
Por mais que o tempo passe e outras pessoas surjam, ele - seu amor platônico - ainda vai estar lá. E sempre inatingível, sempre fora de alcance, sempre sem máculas.
Você o mantém em um pestestal.
Daí, com o passar dos anos e a constante frustração de nunca ter aquele sentimento tão real e verdadeiro - pelo menos para você - não correspondido pelo seu herói, e você conhecendo novas pessoas e ele dando seguimento a vida dele sem o conhecimento de seu amor, você se dá conta de que aquela pessoa maravilhosa que você ama também erra.
E erra feio.

Ela tem defeitos e eles podem ser os piores.

E até que você se dê conta, aquela pessoa simplesmente deixa de existir e passa a ser um ser completamente normal, humano, comum.

E cai do pesdestal em que você por tanto tempo a manteve.

E aí vem a dor.
A dor do tempo perdido - a dor da decepção.
Porque mesmo sem saber você a culpa por não ser aquela pessoa que você queria que ela fosse. Você se decepciona porque queria que ela correspondesse aos ideais que você criou.
Você se desaponta consigo mesma, mas não consegue admitir isso para si porque aí a dor seria maior. E deixa completamernte de acreditar no sentimento que antes dominava sua vida - ou pelo menos a ideia do sentimento.
Admita: você viveu uma mentira por anos e anos.
Ele não te ama, não sabe quem você é e você perdeu um tempo precioso nutrindo um sentimento vazio - porque amor significa 2 - por alguém que nem é realmente aquele que você pensava que era!

Cara, você é uma idiota!

Como pode ser tão cega a ponto de levar uma fantasia tão longe e por tanto tempo?
Se enganando...
E então vem a queda.

A queda de um amor platônico. De uma imagem de pesoa que apenas existia na sua cabeça.

E vem também a descoberta.
Ela não é perfeita e infalível.
Ela tem defeitos e você pode enxerga-los agora. E não consegue se acostumar com isso. Nada é como costumava ser e você está tão confusa! Por um lado a descoberta de que tudo não exitiu e por outro a dor de ter que deixar todo o investimento afetivo para trás e seguir em frente...
Mas para onde? Você ainda é capaz de confiar no amor?
Você sente que está traindo aquilo que sentia. Você está confusa. E vai demorar um longo tempo até ter o mundo de volta nos eixos...
A queda não é dele do pedestal que você criou, mas sim sua; da fantasia que você viveu.

Hora de seguir em frente.

Só.

4 comentários:

Borboleta pequenina disse...

desilusão em amor platônico...

Nina et al disse...

Dá pra vc ou qr mais????

Viviane disse...

Quando nos decepcionamos nunca é com o outro, mas com a projeção de que fizemos do outro. O difícil é admitir isso, por isso é mais fácil culpá-lo. Esses amores inatíngiveis e que nos machuca tanto.
Minha total empatia prima, compreendo perfeitamente o que vc quis dizer. Então é melhor usarmos da máxima: "Não espere laranjas de um pessegueiro". Do contrário você só irá se decepcionar.

Lu disse...

Ia falar exatamente de projeções, mas isso já foi dito pela Viviane.
Importa-me mto saber de que tamanho foi a queda, pra, seu eu puder, estar aqui de colchão amparando a queda ou remediando os machucados. No final das contas, vc, muito lúcida, entende que a queda foi íntima e pessoal, exatamente como o sentimento nutrido há anos. A decepção vem, então, da sua perpcepção de que o pedestal era seu e a pessoa pouco sagrada para ser colocada lá.
Encontre seu pedestal pessoal e coloque-se lá. Não no sentido de inacessível, mas de encontrar-se no seu próprio sagrado e na sua sensibilidade.

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