13 de out. de 2009

Baby blue


A garota acordou para mais um dia. Mais um dia em que não sabia de nada o que iria acontecer.
O sol se levantou no horizonte e lá fora ardia com a vida que nela não existia já há algum tempo...

Ela sonha, acorda e faz coisas rotineiras, mas verdadeiramente não está lá.

Faz muito tempo que a garota não está lá...
Mas tão perfeita é em seu mundo de faz de conta que a menina consegue está em ambos os mundos ao mesmo tempo.
Só podemos nos perguntar se ela existe inteira em todos os espaços...

Mas algo me diz que não, que já faz algum tempo que a garota não está inteira, que a vida que vive é uma vida pela metade, que a vida que vive é um conto que conta para si e para os outros.

Uma mentira?
Não há nada tão pleno no momento dentro de nenhuma esfera.
A menina sai, sorri, conversa e vê coisas, anda e conhece lugares, pessoas.
Mas ela não está lá.

Faz algum tempo que ela não está lá...
Lê livros e se emociona, ouve histórias e sente empatia, mas a garota não consegue descobrir dentro de si o caminho de volta.

Perdida entre mundos estranhos, sentindo coisas estranhas - ou nem tanto. Ela já está habituada a tais sentimentos. Nós é que estranharíamos se pudéssemos enxergá-la. Estranharíamos a enorme contradição de sua existência, de seu jeito de ser e estar no mundo.
Se pudessemos vê-la...
Invisível.
Mas a garota segue em frente, alheia [ou assim parece] ao que a cerca e às impressões que causa.
A menina caminha ao longo da via, seus olhos absortos não revelam nada de seus pensamentos, apenas um observador mais atento perceberia a dor que arde lá dentro.

E ela segue...
Ninguém parece perceber as lágrimas não derramadas, o grito calado no peito e a angústia - ah, a angústia sempre tão presente!
Eles não veem nada. Apenas enxergam o exterior tão bem trabalhado que ela exibe tão bem.

E ela segue invisível na multidão...

Apenas sonha e seus sonhos são estranhos e desconexos. Antagônicos.

Escuridão e luz.
Noite e dia.
Dor e ausência - dormência.
Gelo e fogo.
Vida e morte...

Degladiando-se dentro dela... E sua bela fachada não reflete nada aos menos perceptivos.

Ela não fala, apenas sorri um sorriso que não lhe chega aos olhos e então tudo está bem para todos.

Pronto. A menina não tem motivos para ser infeliz.
Ser. Estar.

Ninguém sabe para onde ela vai, e acredito que nem ela mesma o saiba, mas ela segue.
Espera poder encontrar seu destino, a resposta, seu fim.

A menina espera encontrar algo.
Não suporta mais o silêncio de seus gritos, o sabor amargo de suas lágrimas não derramadas e o gosto cinza de tudo que a cerca, de tudo o que parece viver.

Ela não suporta mais o fingimento diário de sua vida, a multiplicidade de papéis que desempenha, fingir não sentir a dor que a dilacera e sorrir.

A menina não quer mais ser desmembrada e sorrir.
A menina não quer mais ter de fingir.
Ela não suporta mais sorrir.
Quando tudo o que mais quer é gritar e chorar, ela não suporta mais ter de sorrir porque tudo está bem, porque tem motivos para ser feliz e o é.
Ela não suporta mais.
Ela quer poder chorar as lágrimas que não consegue, gritar a dor e rasgar-se.
Ela quer explodir. E entender...
Não quer responder perguntas para as quais não tem resposta.
Não quer conter-se em sua redoma dourada de sangue.
Não quer mais experimentar a bruma de seus pesadelos e sentir o gosto da angústia na ponta dos dedos, dentro dos ossos.
Quer desnudar-se. De tudo, de todos.
A menina não quer viver mais essa vida.
Ela não quer mais viver.

6 comentários:

Anônimo disse...

pq sempre tão deprimente?

Nina et al disse...

Coisas, coisas, coisas...

Unknown disse...

Eu sei quais as coisas, Mais Meninaaaaaaaaaa

Unknown disse...

jedyy é a Vivi. PS: Tou com medu do teu blog e olha q t conheço a anos anos anos kkkkk

Nina et al disse...

Meninaaa, não conta qtos... é comprometedor! kkkk
Medo? De q???

Borboleta pequenina disse...

Me ensina como entrar em alfa, como contar até mil, como não matar alguém... Aff!

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