6 de mai. de 2009

Nostalgia


Eu saí. Andei por aí sem destino. Senti o gosto do sal em minha lingua, senti a maresia q se grudava, emaranhava em meus cabelos. A tarde não estava quente, ja ia terminando. Sentada ali na areia, sem ser completamente notada por qualquer um que passase, eu era apenas mais uma. Ou não. Eu naquele momento não existia. Não sei o que me levou ate ali, apenas o desejo de sair do enclausuramento de quatro paredes bem conhecidas, o desejo de ter um espaço mais amplo para me atirar... não sei se iso deve servir como explicação para minha fuga. As paredes não eram físicas, afinal. Eu sentei e observei. Observei o céu e como aos poucos este mudava de cor. Observei o mar e como as ondas quebravam com violência na praia, lançando uma chuva fina de maresia sobre meu corpo. As pessoas que passavam, estas não me interessavam, não mais que eu a elas... E o mundo naquele momento tinha gosto de solidão. Eu sentei e chorei as dores que eu não sabia descrever. Entrar em contato direto comigo mesma nunca foi muito salutar para minhas glândulas lacrimais. Como é possível estar sozinha com tantas de mim brigando para tomar posse absoluta desta carcaça castigada? Toda essa briga deve exigir sua recompença. E eu pago por isso. Quando não foi mais possível deixar aquelas goteiras vazando estúpidas de meus olhos, eu parei. Parei sem fôlego, sem ar, com dor. Gostaria de observar de fora. Como eu deveria parecer aos olhos humanos normais? Ja sem forças, eu parei. Não havia mais nada a esvaziar de dentro de mim, eu ja estava oca, seca. Uma carcaça. E não havia mais nada ali... nada que me lembrasse o que eu deveria fazer, nada que me motivasse a dar mais um passo. Apenas a sensação de vazio. Olhei o mar mais uma vez e pensei que se eu não fosse tão covarde ele até seria convidativo para mim. Convidativo de diversas formas. Então tudo o que eu sentia era o gosto do sal no ar, na pele. Um gosto amargo que aflorava de dentro de mim, mas com este eu ja estava habituada... E aos poucos a escuridão de dentro de mim vazou para fora. As luzes foram acessas e eu percebi com certa surpresa que a noite havia chegado. Mais um dia que se foi. Menos um dia para mim. Isto foi ha muito tempo, tanto que nem sei pq pensei nele hj. Nostalgia. Mas imagino que sendo eu quem sou, estou de algum modo me esvaziando para me reinventar. Sinto uma mudança chegando, tão suave que é necessária certa concentração para perceber. Mas ela esta vindo. Disso eu sei. Acho que por isso estou tão necessitada de esvaziar-me, abrir espaço para o que esta chegando...

Frase do dia: Para que cometer os erros antigos quando ha tantos novos a cometer? >>>>Bertrand Russel

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